Desabafo: não volto mais ao México

O México é dono de uma cultura única, riquíssima e muito diferenciada. Porém minha experiência com o país não foi das melhores. Desde minha primeira hora lá passei por situações que já havia passado, mas de uma maneira muito agressiva a reversa.

Não quero desencorajar ninguém que queira ir e aproveitar o que eles têm de melhor. Só é um relato do eu vivi e que talvez se soubesse disso teria não ido ou feito coisas de uma maneira diferente.

Quando cheguei ao Aeroporto de Cancún (CUN) desci no terminal que descem todos os voos da América Latina. Eles demoram mais de 30 minutos para liberarem as malas, pois as mesmas passam pela inspeção de drogas com os cachorros da polícia. Até aí tudo certo, você está entrando no país que atualmente é o mais problemático no quesito.

Minha entrevista com a imigração durou 45 minutos. Nunca nas minhas viagens, a trabalho ou a passeio, demorou assim. Todos os meus comprovantes (hotel, carro, etc.) estavam no nome do meu namorado, então eu já sabia que ia me dar mais trabalho para entrar. Porém eu tinha todas as informações dele (voo, carta escrita a punho afirmando nosso relacionamento, fotos, etc.) e estava pronta para provar que eu não estava sem lugar para ficar.

A oficial da imigração pegou uma folha em branco e anotou tudo o que eu disse em relação ao meu namorado (onde nos conhecemos, os nossos apelido, o que iríamos fazer, o que ele faz pra viver, etc.). Novamente, até aí tudo bem, eu compreendo de onde vem a desconfiança, mesmo achando um pouco de exagero forçar tanto a barra para entrar num país que eu estava indo gastar dinheiro e tinha a passagem de volta já comprada pra 13 dias depois.

Então ela me levou numa sala ao lado para me investigar. Eu já tinha sido levada numa sala destas numa outra situação similar. Porém o oficial (do mesmo sexo que você) coloca uma luva, pede para você se despir e avisa quando e aonde vai te apalpar, afinal eles só estão averiguando, você não cometeu nenhum crime e deve ser tratado com respeito.

A senhora, assim que fechou a porta, abaixou minhas calças e colocou um dos cachorros da polícia para me cheirar, sem dizer mais nada. Eu fiquei muito nervosa, não sabia o que ia acontecer depois daquilo, não foi uma situação legal.

Depois fui parada na alfândega. Os dois oficiais (que eram bem jovens) abriram minha mala (sem luvas) e em vez de investigar, tirar meu pacote de roupas íntimas e ficaram mostrando um para o outro, rindo, na frente da mesa toda da alfândega. Foi, de longe, a situação mais humilhante da minha vida.

Então eu não tinha nem 2 horas no México e já queria ir embora. Além de estar indignada com o fato de que onde for possível ser explorado, o turista será. O aeroporto não tem Wi-Fi grátis (nem por 15 minutos), não tem carrinhos de mala (paga-se um carregador, se preciso), não tem bebedouros, não tem como ir de um terminal ao outro andando e a única opção é uma van que passa só de hora em hora (se você tiver conexão ou quiser ir antes, vai ter que pagar táxi).

Ao longo da viagem nos deparamos com várias situações desonestas e outras que tivemos que ser rudes para não sermos explorados (como falar grosso com o frentista para que ele zerasse o marcador de gasolina em nossa frente antes de começar a cobrar).

Em nossa última noite fomos assaltados pela polícia. Eles nos pararam e disseram que estávamos acima do limite de velocidade. Não estávamos. Sempre fomos muito cuidadosos e andamos com o GPS ligado, nos avisando a velocidade máxima de cada via. Eles não têm como provar (um radar, foto, etc.). É literalmente sua palavra contra a deles.

Eles tiram a carteira do motorista e ameaçam não devolvê-la. Dizem que a multa é equivalente a vinte e oito (sim, você leu certo, 28) salários mínimos. Fazem um terrorismo para te deixar desesperado. Aí quando você se vê sem saída eles dizem que vão abrir uma exceção e deixar você pode pagar a multa na hora para eles. Ingenuamente perguntamos quanto seria o valor. Eles então tiraram todo dinheiro da minha carteira e da do meu namorado. Disseram que estava tudo certo e nos deixaram ir.

A locadora de carros nos avisou que não pagaríamos nada a polícia caso fossemos multados. A multa viria para eles, seria debitada do mesmo cartão utilizado para fazer a reserva do carro e seríamos notificados depois. Mas na hora, a polícia não te dá essa opção, pois eles querem que você pague a eles e não ao governo (que seria o caso se a multa fosse paga corretamente).

No dia seguinte íamos embora. Saímos uma hora mais cedo do que o planejado para evitar outra situação assim. Na rota do aeroporto a velocidade é 70km/h e nós estávamos a 40km/h pois estava trânsito. E adivinha só? Fomos assaltados novamente. Com a mesma conversa, mesmo terrorismo, mesmo tudo.

Brigar com a polícia não vale a pena. Irá dá-los mais motivos para te multarem. Demos o dinheiro que tínhamos novamente e fomos embora. No total levaram por volta de USD$ 70. Mas se tivéssemos mil, teriam nos levado os mil. Não é o valor, é a situação que te colocam. Quando a polícia te rouba, pra quem que você corre?

Eles são oportunistas. Ficam na rota dos aeroportos, pois sabem que as pessoas tem pressa, não estarão mais lá no dia seguinte para retirar a carteira apreendida e que carregam sempre dinheiro trocado (geralmente em grande quantidade) por estarem viajando. Os carros de aluguel tem a placa diferente, estão fica mais fácil de identificar.

E não, não tem nada que você possa fazer para evitar. Aliás, tem sim, não voltar mais.

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